sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O PIOLHO ZAROLHO

O piolho Zarolho andava de cabeça perdida! Quando tinha acabado de se instalar na cabeça do Zé, um rapaz de cabelo encaracolado que andava sempre de boné, eis que o rapaz começa a coçar na cabeça desesperadamente, em qualquer lugar e a qualquer hora.
Com o passar dos dias, o Zé começou a ficar irrequieto, não estava atento na sala de aula e até mesmo quando fazia os trabalhos de casa, a sua mão esquerda continuava a coçar na cabeça sem parar. Além disso, andava diferente. Mais pálido, a pele sem brilho e o olhar triste, o Zé nem tinha vontade de sair com o skate para o parque onde se encontrava com os amigos.
O piolho Zarolho começou a ficar deveras preocupado. Tinha encontrado a casa ideal: o boné protegia-o do frio e do sol, os caracóis do Zé faziam-lhe uma cama bem fofinha e finalmente estava decidido a ficar por ali. Mas com o comportamento do Zé, era uma questão de tempo até as coisas se complicarem.
Meu dito meu feito! Os pais que já andavam desconfiados decidiram investigar porque é que o filho coçava tanto na cabeça e andava tão indisposto. Ora, o piolho Zarolho tinha acabado de fazer a sua refeição da tarde quando ouviu um som familiar. Era o som do pente de dentes finos a deslizar pelo cabelo do Zé, arrastando tudo o que apanhava à sua frente: areia da praia, resultado de uma má lavagem do cabelo, sementes de uma árvore lá da escola, debaixo da qual o Zé tinha descansado no intervalo das aulas e… o piolho Zarolho só teve tempo de dar um salto enorme, senão tinha sido apanhado pelo pente e a esta hora já estaria a ser esgotado no lavatório da casa de banho.
Aliviado por ter escapado à investida do pente de dentes finos, o piolho Zarolho respirou fundo e ficou muito quieto durante algum tempo, não fosse começar outra vez o Zé a coçar na cabeça, levantando suspeitas sobre o inquilino. Mas como qualquer piolho, o piolho Zarolho não era capaz de ficar sossegado por muito tempo e logo começou a passear de novo pela cabeça do infeliz rapaz.
Quando chegou a hora do banho, como de costume, agarrou-se muito bem aos caracóis do Zé, pois sabia que se fizesse isso não seria levado pela água do chuveiro. O que ele não contava era com a visita que a mãe tinha feito à farmácia. O farmacêutico, especialista nestas coisas de aconselhar as mães, recomendou-lhe uma solução para o problema do Zé. E de nada valeu ao piolho Zarolho agarrar-se aos caracóis, porque o champô que vinha misturado com a água era daqueles que põem qualquer piolho a fugir!
Lá foi o piolho Zarolho pelo ralo abaixo, com tal velocidade que nunca mais ninguém o viu.
Quanto ao Zé… Bem, a esta hora deve estar no parque, porque mal se viu livre do piolho Zarolho, agarrou no skate e saiu à procura dos amigos…

Ana Godinho

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